quarta-feira, novembro 22, 2006

O 1º ciclo

Hoje fui parar a uma sala do 1º ano de escolaridade... pensei que o mundo terminara nesse momento e estaria a sofrer o castigo final, por todos os pecados cometidos nesta e nas outras vidas passadas..
Após meia hora de tentativas (todas frustradas) de os manter sentados lá consegui que ao menos houvesse silêncio para eu falar... Apresentei-me e pedi-lhes para me dizerem que letras já sabiam...
- Já sabemos o A, E, I, O, U, P e o T – disse-me uma aluna que estava à frente...
Perguntei se já sabiam fazer frases e eles disseram que sim!
Contente com a resposta, expliquei a minha primeira actividade neste mundo paralelo em que eu me encontrava.
- Nesta folha vão escrever uma frase e fazer um desenho. - disse-o com um tom pausado e lento como se eles fossem estrangeiros, que não percebiam o que eu dizia.... Assim o fiz, pois a recordação mais nítida que tenho da minha professora da primária, a professora Gertrudes Feliciana, era exactamente da maneira como ela se dirigia a nós. Pena já não podermos dar as reguadas que ela dava... dizem que é anti-pedagógico!
Eles começaram a escrever... ou melhor, alguns começaram a escrever pois dois foram à casa de banho, outro procurava o lápis, outro adormeceu, outro ainda não o tinha visto por aqueles lados, duas procuravam saber onde tinham a mochila, ....
Finalmente, um aluno avança com o trabalho acabado... E lá estava a primeira obra literária produzida naquela sala comigo ao leme. Que orgulho. Sorri para o aluno e li a frase:
O pai papa a puta.”

P.S. Claro que escrevi logo um recado para a mãe. Só para avisar, não vá ela ser apanhada de surpresa.

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